Hoje vou falar um pouco sobre esse clássico do terror escrito em 1902 por W. W. Jacobs. A Mão do Macaco é o conto mais antologiado de todos os tempos, e isso não é por acaso. Ao final dessa leitura você vai entender o porque desse conto ser tão aclamado mesmo hoje, 120 anos após sua publicação.
Uma noite comum
Enquanto a mãe fazia crochê, pai e filho jogavam xadrez e a noite chuvosa rugia lá fora. Alguém bate à porta e eles ficam surpresos, pois naquele canto isolado, visitas já são raras mesmo durante o bom tempo.
Uma visita inesperada
Quem batia à porta era um sargento do exército e antigo amigo do pai da família, buscando abrigo da chuva. Ele se acomoda próximo à lareira e apresenta uma mão de macaco que trouxe de um dos países que visitou. Segundo ele, a mão tem a fama de conceder ao seu portador 3 desejos.
Um presente misterioso
Ele os presenteia com mão de macaco. A família fica cética de início, mas logo percebem que o que têm em mãos não é um mero souvenir estrangeiro.
Ei, Hollywood; aprendam com Jacobs
É muito seguro dizer que lá em 1902 Jacobs já sabia algo sobre o terror. Algo que os produtores e roteiristas de filmes de terror parecem não ter aprendido mesmo agora, 120 anos depois. Aqui, Jacobs explora o medo de forma brilhante escondendo do leitor sua fonte. Você se apavora, os pêlos de seu corpo se arrepiam e, ainda assim, você nem sabe O QUE é o monstro. Nem mesmo se há um monstro, de fato. Mostrar o monstro é algo que limita e enfraquece a ameaça, mas que os filmes adoram fazer.
Terror e humor são a mesma coisa?
Jacobs era um autor muito conhecido não por escrever textos terríveis, mas por suas obras bem-humoradas. Então, como um autor de “comédia” poderia escrever um conto de terror com tanta maestria? Isso é bem simples; terror e humor tem o mesmo ritmo. Você tem a estrutura construída sobre “o mundo comum”. Você tem pequenas alterações daquele lugar comum até que ele se torne uma zona estranha. No final, você surpreende seu leitor, com a punchline da piada ou com a cena de impacto no terror. Terror é surpresa. Humor é surpresa. A diferença está apenas nos objetivos; enquanto um quer fazer rir, o outro quer causar desconforto e medo. Isso é algo que Jacobs fez com maestria ao longo de nada mais do que 8 páginas. Eu demarquei os pontos citados acima lá no resumo. Você pode procurar essa estrutura em qualquer piada ou história de terror.
Vale a pena?
A Mão do Macaco é um conto bem curto, mas isso não impediu Jacobs de escrever o que se diz ser o conto mais antologiado de todos os tempos. Ele constrói tudo que precisa para criar a atmosfera desejada antes mesmo do conflito principal ser apresentado e causa pavor com o principal recurso do escritor de terror; o inconsciente do leitor. A Mão do Macaco deveria ser leitura obrigatória para qualquer fã da literatura de terror. Vale mencionar que o conto foi um dos principais responsáveis por me fazer começar a escrever meus próprios. Se você leu Lin, talvez consiga fazer alguns paralelos com o conto de Jacobs.
Você já leu A Mão do Macaco?
Se ainda não leu, pode encontrá-lo no incrível Contos de Horror do Século XIX, da Companhia das Letras.
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