Se você não conhece uma pessoa que ama carros, é muito provável que essa pessoa seja você. Mas o que acontece quando o carro te ama de volta?
Em 1983 Stephen King escreveu Christine, um livro sobre um carro ciumento, possessivo e com sede de sangue. O livro ganhou uma adaptação para o cinema no mesmo ano, dirigida por John Carpenter.
“Que história é essa de Christine?”
No livro conhecemos Denis e seu amigo de infância Arnie. Arnie é o típico nerd dos anos 80; feio, estranho, cheio de espinhas na cara e alvo constante de bullying. Denis é popular, joga no time de futebol da escola e é também o narrador que conta os eventos do livro. Embora a amizade entre os dois seja pouco crível, ela funciona muito bem nas páginas e é fácil gostar da dupla.
Gosto dos atores escolhidos, apesar do Arnie do filme ser um galã de cinema comparado ao do livro
Voltando pra casa após um dia no trabalho de verão, Denis toma um caminho novo. É quando Arnie bate os olhos em Christine, largada em um quinta com o parabrisa quebrado e uma piscina de óleo sob o chassi. É amor à primeira vista. Após conhecerem Lebay, o velho e estranho dono do carro, Dênis tenta dissuadir Arnie da ideia de comprá-lo, mas sem sucesso. No recibo de pagamento, um nome se destaca: Christine. Quando Denis pergunta à LeBay “Que história é essa de Christine?”, o velho responde apenas “É como sempre chamei o carro”.
A Primeira Discussão
Os pais de Arnie não gostam nem um pouco da ideia, e ele os enfrenta pela primeira vez na vida. O garoto faz aulas de mecânica na escola e diz querer manter Christine como um projeto. Quando os pais batem o pé de que ele não vai ficar com o carro, Arnie leva Christine para uma garagem de aluguel.
Na medida em que o carro é consertado, Arnie parece se distanciar cada vez mais de quem era. O garoto antes passivo e obediente com os pais aos poucos se torna o oposto de tudo isso, e mesmo Denis passa a enxergá-lo como um estranho. Até mesmo a acne de Arnie vai embora.
O passado de Christine
Quando Denis descobre por um acaso sobre o falecimento de LeBay, acaba encontrando o irmão do velho durante o funeral. O homem conta pra ele as coisas horríveis que aconteceram na vida de LeBay envolvendo Christine. Quando Dênis tenta alertar o amigo, já é tarde demais. Arnie e Christine são inseparáveis, e nenhum dos dois vai tolerar que alguém fique entre eles.
E a Chrysler não fez um recall?
Não é spoiler pra ninguém que Christine é um carro assassino, o que é inclusive o subtítulo do filme de 83. O carro caça e destrói qualquer pessoa que faça algo ruim com seu dono, e tem ciúme das pessoas ao redor dele. Quando Arnie e Leigh, a popular nova aluna da escola, engatam um romance, Christine mexe seus pauzinhos para tirar a garota de jogo.
Esse livro foi o meu primeiro romance do Stephen King e também o primeiro livro de terror que li. Fico surpreso com o número de pessoas que parecem não gostar tanto da obra. Talvez isso se deva ao fato de ser um livro mais leve, um terror adolescente. Não é sábio querer comparar essa obra com trabalhos mais pesados do autor, como Cemitério ou O Iluminado.
Amizade, romance, terror e música
O livro é dividido em três partes: ‘Canções adolescentes sobre carros’, ‘canções adolescentes sobre amor’ e ‘canções adolescentes sobre morte’. Enquanto Denis narra a primeira e a terceira, a segunda é contada por um narrador. O garoto sofre um acidente durante um jogo de futebol e fica algum tempo no hospital, sendo impedido de narrar o período.
Outra coisa legal é a presença de letras de música no início dos capítulos; cada uma segue o tema em que aparece. ‘Canções adolescentes sobre carros’, por exemplo, tem Something Else, do Eddie Cochran, e Yakety Yak dos Coasters. Já ‘canções adolescentes sobre amor’ conta com Racing in the Street, do Springsteen, e You Can’t Catch Me, do Chuck Berry. ‘Canções adolescentes sobre morte’, terceira e última parte, traz a excelente Teen Angel de Mark Dinning e a incrível Last Kiss, de J. Frank Wilson and The Cavaliers. Fala aí, você também pensava que essa música era do Pearl Jam, né? Essas são apenas algumas das músicas de cada parte do livro, que conta com 51 capítulos e uma letra para cada um deles. Vale a pena procurar a playlist.
Christine vale a pena?
Christine é um terror leve que não definitivamente não vai agradar todos os fãs. De qualquer forma, indico a leitura desse livro sempre que posso, justamente por ser uma leitura bem leve e divertida. Algumas cenas desse livro vão ficar com você por anos. Compre o livro ou qualquer produto através do link você ajuda tanto o Horror Arte a se manter de pé.
E no vídeo de estreia do Canal Horror Arte, nada mais justo do que falar do o livro que me despertou a vontade de escrever o gênero, pra início de conversa. No vídeo eu também falo um pouquinho mais sobre o filme. Dê aquela força pro canal se inscrevendo e curtindo o vídeo.
Fã do King?
Se você também é fã do King assim como eu, vem ver esse artigo sobre a adaptação do filme dele que sai em maio. Nos vemos na próxima!
